Se engana quem pensa que a cirurgia bariátrica resulta em uma mudança de autoestima automática. A maioria dos pacientes passam por grandes processos pré e pós-cirurgia até que estejam totalmente adaptados com o novo corpo. Assuntos importantes como a relação do paciente na sociedade e com os alimentos também são tratados no acompanhamento psicológico, pois quando o fator emocional não é abordado durante esse processo, há grandes chances de ocorrer prejuízos ao tratamento para redução de peso.
CUIDADOS PSICOLÓGICOS NO PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO
O processo pré-operatório é o que demanda mais atenção psicológica, pois nesta fase o paciente está em uma vulnerabilidade emocional muito maior. O terapeuta é responsável por analisar o comportamento do paciente, buscando saber o que o levou à obesidade, assim como listar a necessidade de mudança nos hábitos alimentares. Ao paciente precisa estar esclarecido que existe a possibilidade de distúrbios psíquicos devido à restrição alimentar que ele terá de adotar após passar pela cirurgia.
No período pós-operatório, a psicoterapia é necessária para ensinar o paciente a lidar com as novas mudanças metabólicas, físicas e psíquicas. Com a redução do estômago, a alimentação se torna uma tarefa muito difícil, já que os alimentos devem ser líquidos ou pastosos e em pequenas quantidades.
De acordo com as diretrizes do Ministério da Saúde e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, o tratamento deve ser acompanhado por uma equipe composta de um endocrinologista, nutricionista e um cirurgião, além do psicólogo. Este último serve para auxiliar o paciente e evitar qualquer dano emocional ou físico que possa prejudicá-lo em sua nova fase.
O AUTOCUIDADO
No primeiro momento depois da cirurgia bariátrica, grande parte das pessoas se sentem como se tudo estivesse estabilizado e perfeito, o que as fazem achar que não é mais necessário o acompanhamento psicológico. Essa premissa é errônea, pois com o passar do tempo, se o paciente não tiver tratado todos os problemas emocionais antes da cirurgia com um bom psicoterapeuta, poderão ocorrer sintomas depressivos e compulsivos. Na fase depressiva, a pessoa tende a apresentar sintomas iniciais como angústia e sensação de vazio, o que pode evoluir para transtornos compulsivos que levarão o paciente de volta ao comportamento antigo de excesso alimentar.
Como dito anteriormente, o pós-operatório auxilia o paciente com a reeducação alimentar, assim como o jeito de se olhar com cuidado e não se autossabotar como acontecia antes da cirurgia. Alguns pacientes quando não tratados acabam adquirindo a visão distorcida do corpo, o que pode acabar resultando em uma bulimia. A cirurgia exige uma vigilância constante com a equipe de profissionais para que com o passar dos anos não aconteça o reganho de peso.
Embora o emagrecimento seja o que as pessoas que realizam a cirurgia mais desejam, é de grande importância que os aspectos emocionais sejam tratados. Portanto, o acompanhamento com a equipe de especialistas e principalmente o trabalho terapêutico em pacientes que pretendem aderir à cirurgia bariátrica devem ser um dos primeiros passos a seguir para garantir um bom resultado.